Trabalho nº 2

 

 

Síndrome de Down

 

 

 

 

 

 

 

UNIP - Universidade Paulista

 

 

 

 

 

 

 

 

São Paulo - SP

2009

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resumo

 

 

 

     Este trabalho tem como objetivo principal a pesquisa sobre a importância da educação especial para a formação e desenvolvimento de crianças portadoras de síndrome de Down. A pesquisa tem abordagens neurológicas, anatômicas e pedagógicas. E como aprendizagem é processo complexo, a cerca do qual exigem infinitas definições e conceitos, procurou-se manter uma linha de trabalho, seguindo uma seqüência, passando pelas etapas da educação infantil, descrevendo também a relação entre o cérebro e a linguagem.

     A pesquisa nos levou a conclusão de que a família é primordial para aquisição da linguagem oral, principalmente nos primeiros anos de vida. Quando a criança encontra-se em período de maturação orgânica e seu sistema nervoso está sendo moldado pelas experiências e estímulos recebidos e internalizados. A estimulação do portador de deficiências especiais na fase inicial da vida é extremamente importante para o desenvolvimento normal da criança, e minimiza as ocorrências de déficits de linguagem na primeira infância, que poderão trazer sérias conseqüências futuras. Pois no período da primeira infância, o cérebro humano é altamente flexível. Para isso profissionais especializados e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de facilitar e possibilitar um maior rendimento e desenvolvimento educacional dos portadores da síndrome.

     Enfim, a grande importância da estimulação se dá pela grande necessidade da criança de vivenciar experiências permitiram seu desenvolvimento, respeitando suas deficiências e explorando suas habilidades. Esse estudo permite aos familiares, aumentar suas possibilidades de observação e intervenção, objetivando aprimorar a aprendizagem de seus filhos, que são crianças especiais, que tem dificuldades como qualquer outra pessoa e são também crianças capazes de vencer suas dificuldades e se desenvolverem.

 

 

    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sumário

 

 

Introdução .......................................................................................................................... 4

A síndrome de Down ............................................................................................................ 5

Aspectos citogênicos da síndrome de Down ............................................................................. 5

Características principais da criança Down................................................................................ 6

A etiologia da síndrome de Down........................................................................................... 6

O desenvolvimento do sistema nervoso da criança Down ......................................................... 7

Deficiência mental e síndrome de Down ................................................................................. 7

As dificuldades de aprendizagem do portador de síndrome de Down ......................................... 8

A educação especial para crianças com síndrome de Down ....................................................... 9

Política nacional de educação especial.................................................................................. 10

Proposta educacional para portador de Down ........................................................................ 10

A família e a educação........................................................................................................ 12

Conclusão......................................................................................................................... 13

Bibliografia........................................................................................................................ 14

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Introdução

 

     O objetivo deste estudo foi pesquisar a importância da educação especial para a formação e desenvolvimento de crianças portadoras de síndrome de Down. A pesquisa tem abordagens neurológicas, anatômicas e pedagógicas. E como aprendizagem é processo complexo, a cerca do qual exigem infinitas definições e conceitos, procurou-se manter uma linha de trabalho, seguindo uma seqüência, passando pelas etapas da educação infantil, descrevendo também a relação entre o cérebro e a linguagem. Para finalizar o trabalho é necessário enfatizar o papel da família para as aquisições e ressaltar, que em toda bibliografia pesquisada, a importância da família nos processos de construção de conhecimento e linguagem é citada. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Síndrome de Down

 

     A Síndrome de Down é decorrente de uma alteração genética ocorrida durante ou imediatamente após a concepção. A alteração genética se caracteriza pela presença a mias do cromossomo 21, ou seja, ao invés do indivíduo apresentar dois cromossomos 21, possui três. A esta alteração denominamos trissomia simples.

     No entanto podemos encontrar outras alterações genéticas, que causam Síndrome de Down. Estas são decorrentes de translocação, pela qual o autossomo 21, a mais, está fundido a outro autossomo. O erro genético também pode ocorrer pela proporção variável de células trissômicas presente ao lado de células citogeneticamente normais. Estes dois tipos de alterações genéticas são menos freqüentes, que a trissomia simples.

     Estas alterações genéticas decorrem de defeito em um dos gametas, que formaram o indivíduo. Os gametas deveriam conter um cromossomo apenas e assim a união do gameta materno com o gameta paterno geraria um gameta filho com dois cromossomos, como toda espécie humana. Porém, durante a formação do gameta pode haver alterações através da não disjunção cromossômica, que é realizada durante o processo de reprodução, podem ser formados gametas com cromossomos duplos, que ao se unirem a outro cromossomo pela fecundação, resultam em uma alteração cromossômica.

     Estas alterações genéticas alteraram todo o desenvolvimento e maturação do organismo e inclusive alteraram a cognição do indivíduo portador da síndrome. Além de conferirem lhe outras características relacionadas a síndrome.

     De forma geral algumas características do Down são: o portador desta síndrome é um indivíduo calmo, afetivo, bem humorado e com prejuízos intelectuais, porém podem apresentar grandes variações no que se refere ao comportamento destes pacientes. A personalidade varia de indivíduo para indivíduo e estes podem apresentar distúrbios do comportamento, desordens de conduta e ainda seu comportamento pode variar quanto ao potencial genético e características culturais, que serão determinantes no comportamento.

 

Aspectos citogênicos da Síndrome de Down

 

     Recentemente concluiu-se que a trissomia do 21 livre é freqüente e decorre de erros, que propiciam a formação de gametas com dois cromossomos 21 e normalmente é comum em mulheres de idade avançada.

     Como já foi citado, na alteração por disjunção, o erro genético ocorre devido a não divisão cromossômica, quando os dois componentes do par cromossômico devem se separar originando células filhas. Neste caso, a divisão incorreta gera uma célula com excesso de cromossomo e outra com falta.

     A célula que fica com dois cromossomos homólogos, que não sofrerão disjunção, se fecundada formará em um zigoto trissômico, por possuir três cromossomos equivalentes ao

invés de apenas um par. E como já foi citado é muito comum em mulheres de idade avançada, devido o envelhecimento do óvulo.

 

Características principais da criança com down

 

     Segundo pesquisadores, a síndrome de down é marcada por muitas alterações associadas, que são observadas em muitos casos. As principais alterações orgânicas, que acompanham a síndrome são: cardiopatias, prega palmar única, baixa estatura, atresia duodenal, comprimento reduzido do fêmur e úmero, bexiga pequena e hiperecongenica, ventriculomegalia cerebral, hidronefrose e dismorfismo da face e ombros.

     Outras alterações como braquicefalia, fissuras palpebrais, hipoplasia da região mediana da face, diâmetro fronto-occipital reduzido, pescoço curto, língua protuosa e hipotônica e distancia aumentada entre o primeiro, o segundo dedo dos pés, o crânio achatado, mais largo e cumprido;  narinas normalmente arrebitadas por falta de desenvolvimento dos ossos nasais; quinto dedo da mão muito curto, curvado para dentro e formado apenas por uma articulação; mãos curtas; ouvido simplificado; lóbulo auricular aderente e coração anormal.

     Quanto às alterações fisiológicas podemos observar nos primeiros dias de vida uma grande sonolência, dificuldade de despertar, dificuldade de realizar sucção e deglutição, porém estas alterações vão se atenuando ao longo do tempo, à medida que a criança fica mais velha e se torna mais alerta.  

     A criança Down normalmente apresenta grande hipotonia segundo os estudiosos, o treino muscular precoce da musculatura poderá diminuir a hipotonia.

     Alterações fisiológicas também se manifestam através do retardo no desaparecimento de alguns reflexos como o de preensão, de marcha e de moro. Este atras0o no desaparecimento destes reflexos é patológico e resulta no atraso das aquisições motoras e cognitivas deste período, já que muitas atividades dependem desta inibição reflexa para se desenvolverem  como o reflexo de moro, que é substituído pela marcha voluntária.

 

A etiologia da síndrome de Down

 

     Não foi exatamente esclarecida a causa da síndrome, no entanto, alguns fatores são considerados de risco devido a grande incidência em que gestações na presença destes vem apresentando alterações genéticas. Os fatores de riscos podem ser classificados como endógenos e exógenos.

     Um dos principais fatores de risco endógenos é a idade da mãe, que em idade avançada apresentam índices bem mais altos de riscos, devido o fato de seus óvulos envelhecerem se tornando mais propensos a alterações.

     Os fatores de risco são muito importantes, pois nos permite prevenir a ocorrência das alterações genéticas ou ainda minimizar os fatores de risco.

 

O desenvolvimento do sistema nervoso da criança Down

 

     O sistema nervoso da criança Down apresenta anormalidades estruturais e funcionais, que resultam em disfunções neurológicas variando quanto à manifestação e intensidade.

     O processo de desenvolvimento e maturação do sistema nervoso é um processo complexo, no entanto, a criança com síndrome de Down ainda está no estágio fetal, já apresenta alterações no desenvolvimento do sistema nervoso central.

     Estudiosos  concluem que até os cinco anos o cérebro das crianças com síndrome de Down, encontra-se anatomicamente similar ao de crianças normais, apresentando apenas alterações de peso, que nestas crianças encontra-se inferior a faixa de normalidade, que ocorre devido a uma desaceleração do crescimento encefálico iniciado por volta dos três meses de idade. Esta desaceleração encontra-se de forma mais acentuada em meninas, onde observamos também, freqüentes alterações cardíacas e gastrintestinais.

     Segundo Schwartzman, as medidas de inteligência geral e as habilidades lingüísticas normalmente encontram-se alterados e então não possuem padrão definido, além de noção se relacionarem com o volume encefálico podendo apresentar em diversos níveis intelectuais.

     Também observamos no sistema nervoso do paciente Down, alterações de hipocampo e a partir do quinto mês de vida quando se inicia o processo de desaceleração do crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso ocorre uma diminuição da população neuronal.

     O desenvolvimento branquicefálico também é marcante no paciente com síndrome de Down e ainda podemos observar uma hipoplasia do lobo temporal. No paciente recém-nascido, muitas alterações não são evidenciadas, porém com o passar dos anos se evidenciam tornando visíveis as reduções de volume dos hemisférios cerebrais e hemisférios cerebelares, da ponte, corpos mamilares e formações hipocampais.

     Desta forma conclui-se que, as inúmeras alterações estruturais e funcionais do sistema nervoso da criança com síndrome de Down, determinam algumas de suas características mais marcantes como distúrbios de aprendizagem e desenvolvimento.

    

Deficiência mental e Síndrome de Down

 

     Segundo descreve Ferreira, no Miniaurélio, o termo deficiência significa falta, carência ou insuficiência. Assim podemos entender por deficiência mental a insuficiência funcional das funções neurológicas. O cérebro da criança Down não atingir seu pleno desenvolvimento e assim todas as suas funções estão alteradas.

     O conceito de deficiência mental apóia-se, basicamente, em três idéias que tem sido utilizada para definir este termo. É essencial examiná-las do ponto de vista interativo. A primeira diz respeito ao binômio de desenvolvimento-aprendizagem. A segunda idéia se refere aos fatores biológicos. A última tem haver com o ambiente físico e social. Os três conceitos a podem ser explicados como bases das atividades mentais . Na verdade o cérebro de uma criança recém-nascida possui capacidades de aprendizagem, no entanto, estas serão desenvolvidas através da internalização de estímulos e esta se dá através da aprendizagem e está intimamente associada aos fatores biológicos, como integridade orgânica e ainda sofre influencias diretas dos fatores ambientais e sociais.

     Esta afirmação feita por Schwartzman, é muito aceita e podemos observar inúmeros trabalhos de outros autores coerentes a esta abordagem. Um exemplo é Piaget, a base do conhecimento é a transferência e assimilação de estruturas. Assim, um conhecimento, um estímulo do meio é encarado como uma estrutura que será assimilada pelo indivíduo através de sua capacidade de aprender.

     A aprendizagem é realizada com sucesso se capacidades de assimilação, reorganização e acomodação, estiverem integras, assim vão se dando as aquisições ao longo do tempo. Estes três processos acontecem para que um individuo esteja sempre adquirindo novas informações, assim, quando se depara com um dado novo, para a internalização do mesmo, o individuo deve reorganizar as aquisições já adquiridas, para acomodar os novos conhecimentos sendo por este processo que linguagem e cognição se desenvolvem.

     Considerando a grande influência do ambiente e a competência da criança para as atividades cognitivas, para estimularmos uma criança, temos que torná-la mais competente para resolver as exigências que a vida quer em seu contexto cultural.

     O portador de síndrome de Down possui certa dificuldade de aprendizagem que na grande maioria dos casos são dificuldades generalizadas, que afetam todas as capacidades: linguagem, autonomia, motricidade e integração social. Estas podem se manifestar em maior ou menor grau.

 

As dificuldades de aprendizagem do portador de Síndrome de Down

 

     A criança com síndrome de Down tem idade cronológica diferente de idade funcional, desta forma, não devemos esperar uma resposta idêntica à resposta das normais, que não apresentam alterações de aprendizagem. Esta deficiência decorre de lesões cerebrais e desajustes funcionais do sistema nervoso. O fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente a outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é possível que madure lentamente.

     A prontidão para a aprendizagem depende da complexa interação dos processos neurológicos e da harmoniosa evolução de funções especificas como da linguagem, percepção, esquema corporal, orientação têmporo-espacial e lateralidade.

     É comum observarmos na criança Down, alterações severas de internalização de conceitos de tempo e espaço, que dificultarão muitas aquisições e refletirão especialmente em memória e planificação, além de dificultarem muito a aquisição de linguagem.

     Crianças especiais como as portadoras de síndrome de Down, não desenvolvem estratégias espontâneas e este é um fato que deve ser considerado em seu processo de aquisição de aprendizagem, já que esta terá muitas dificuldades em resolver problemas e encontrar soluções sozinhas.

     Outras deficiências que acontecem com a criança Down e implicam dificuldades ao desenvolvimento da aprendizagem são: alterações auditivas e visuais; incapacidade de organizar atos cognitivos e condutas, debilidades de associar e programar seqüências.

     Estas dificuldades ocorrem principalmente porque a imaturidade nervosa e não mielinização das fibras pode dificultar funções mentais como: habilidade para usar conceitos abstratos, memória, percepção geral, habilidades que incluam imaginação, relações espaciais, esquema corporal, habilidade no raciocínio, estocagem do material aprendido e transferência na aprendizagem. As deficiências e debilidades desta funções dificultam principalmente as atividades escolares.

     No entanto, as crianças com síndrome de Down têm possibilidades de se desenvolver e executar atividades diárias e até mesmo adquirir formação profissional e no enfoque evolutivo, a linguagem e as atividades como leitura e escrita podem ser desenvolvidas a partir das experiências da própria criança.

     Do ponto de vista motor, hipocinesias associada à falta de iniciativa e espontaneidade ou hipercinesias e desinibição são freqüentes. E estes padrões débeis também interferem a aprendizagem, pois o desenvolvimento psicomotor é à base da aprendizagem.

     As inúmeras alterações do sistema nervoso repercutem em alterações do desenvolvimento global e da aprendizagem. Não há um padrão estereotipado previsível nas crianças com síndrome de Down e o desenvolvimento da inteligência não depende exclusivamente da alteração cromossômica, mas é também influenciada por estímulos provenientes do meio.

     No entanto, o desenvolvimento da inteligência é deficiente e normalmente encontramos um atraso global. As disfunções cognitivas observadas neste paciente não são homogêneas e a memória seqüencial auditiva e visual geralmente são severamente acometidas.

 

A educação especial para criança com síndrome de Down

 

     A educação especial é uma modalidade de ensino, que visa promover o desenvolvimento global a alunos portadores de deficiência, que necessitam de atendimento especializado, respeitando as diferenças individuais, de modo a lhes assegurar o pleno exercício dos direitos básicos de cidadão e efetiva integração social.

      Proporcionar ao portador de deficiência a promoção de suas capacidades, envolve o desenvolvimento pleno de sua personalidade, a participação ativa na vida social e no mundo do trabalho, são objetivos principais da educação especial e assim como o desenvolvimento bio-psico -social, proporcionando aprendizagem que conduzam a criança portadora de necessidades especiais maior autonomia.

     A prática pedagógica adaptada as diferenças individuais vêem sendo promovidas dentro das escolas do ensino regular. No entanto, requerem metodologias, procedimentos pedagógicos, materiais e equipamentos adaptados.

     O professor especializado deve valorizar as reações afetivas de seus alunos e estar atento a seu comportamento global, para solicitar recursos mais sofisticados como a revisão médica ou psicológica. E outro fato de estrema importância na educação especial é o fato de que o professor deve considerar o aluno como uma pessoa inteligente, que têm vontades e afetividades e estas devem ser repetida, pois o aluno não é apenas um ser que aprende.

     A educação especial atualmente é prevista por lei e foi um direito adquirido ao longo da conquista dos direitos humanos. A garantia de acesso a educação e permanência da escola requerer a pratica de uma política de respeito às diferenças individual.

 

Política nacional de educação especial

 

     Como já foi citado a educação especial é prevista na Constituição Federal, que é dever do Estado com a educação a garantia de: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. (art. 208, cap. III, CF).

     A política nacional de educação especial consiste de objetivos gerais e específicos necessários aos portadores de deficiências, que fundamentam e orientam o processo de educação especial, visando garantir o atendimento educacional ao aluno portador de necessidades especiais.

     Os objetivos formulados pela política de educação especial são: promover a interação social; desenvolver práticas de educação física, atividades físicas e sociais; promover direito de escolha; desenvolver habilidades lingüísticas; incentivar autonomia e possibilitar o desenvolvimento social, cultural, artístico e profissional, das crianças especiais.

     Para assegurar a educação especializada algumas medidas devem ser tomadas, como: aumento da oferta de serviços de educação especial com equipamentos, equipe qualificada, material didático especializado e espaço físico adequado as necessidades especiais dos deficientes, assim como criação de programas de preparo para o trabalho, estímulo a aprendizagem informal e orientação a família.

     No entanto, a falta de atendimento especial principalmente em pré escolas, carência de recursos e equipe qualificada, inadequação do ambiente físico, falta de novas propostas de ensino, descontinuidade de planejamento e ações, desigualdade de recursos e oportunidades, vem dificultando o acesso de muitas crianças especiais ao ensino especializado.

 

Proposta educacional para portador de Down

 

     O educador deve propor-se a utilizar um plano de curso que subsidiará o professor na elaboração do seu planejamento em nível de turma o que só pode ser feito com base no conhecimento da realidade concreta dos seus alunos e dos meios de que dispõe.

     As unidades propostas estejam dentro de uma seqüência evolutiva, os objetivos integrados de cada unidade, assim como as atividades sugeridas, não estão dispostas em seqüências cronológicas.

     Cada atividade sugerida leva a consecução de vários objetivos dos domínios afetivos, cognitivos e psicomotor. Uma proposta curricular não pode especificar todos os possíveis resultados de cada atividade sugerida. Cabe ao educador explorar, no trabalho com o aluno, as possibilidades máximas de cada experiência de aprendizagem.

     Para a consecução do objetivo proposto poderá ser desenvolvido um número ilimitado de atividades. A proposta curricular deve ser desenvolvida em quatro etapas que se desdobram em objetivos integradores.

       Na primeira etapa onde trabalhamos o corpo os objetivos principais devem ser:  

  • Identificar diferentes movimentos do seu corpo, posicionando-se no espaço;
  • Identificar as diferentes partes de seu corpo e suas funções correspondentes;
  • Orientar-se no tempo e no espaço;
  • Desenvolver hábitos de vida em grupo;

     Na segunda etapa onde trabalhamos a expressão, os objetivos principais são:

  • Desenvolver a discriminação perceptual que o habilita ao conhecimento e a comparação dos elementos que o cerca;
  • Expressar suas necessidades, seus interesses e sentimentos utilizando diferentes formas de linguagem;
  • Desenvolver funcionalmente seu vocabulário;
  • Formar hábitos e atitudes de relacionamento e comunicação interpessoal;

     Na terceira unidade trabalhamos o objetivo e este tem função de integrador, os objetivos desta unidade são:

  • Descobrir propriedades comuns dos objetos;
  • Reconhecer a utilidade das diferentes coisas do mundo;
  • Descobrir que as coisas se transformam;
  • Explorar o potencial dos objetos através de experiências criativas;
  • Evidenciar a aquisição dos conceitos de propriedades e cooperação;

      Na quarta unidade quando trabalhamos o mundo, os objetivos principais são:

  • Reconhecer que seu mundo é dinâmico e diversificado;
  • Distinguir uma situação real de uma imaginária;
  • Situar-se como pessoa, num mundo de pessoas;
  • Passar do egocentrismo à aceitação de referenciais externos;
  • Ampliar perspectivas espaço-temporais;
  • Situar o mundo de pessoas numa área geográfica determinada;
  • Identificar produções econômicas e culturais de sua comunidade;
  • Reconhecer que o trabalho do homem modifica o meio;
  • Preservar o ambiente e o equilíbrio entre seus diversos elementos;
  • Reconhecer a importância da vida em grupo;
  • Representar seu mundo criativamente;

     Para a implantação desta proposta curricular, visando a eficiência do trabalho que levará a conquista dos objetivos perseguidos, torna-se necessário que os recursos estejam disponíveis e o educador seja capacitado. Além disso o ambiente deve ser capacitado a instalar uma classe especial.

     O educador deve também integrar o portador da síndrome de Down na comunidade e trabalhar sua aceitação social e até mesmo a absorção em um mercado de trabalho.

 

A família e a educação

 

     A família deve ser orientada e motivada a colaborar e participar do programa educacional, promovendo desta forma uma interação maior com a criança. Também é fundamental que a família incentive a prática de tudo que a criança assimila. Assim é fundamental o aconselhamento a família, que deve considerar, sobretudo a natureza da informação e a maneira como a pessoa é informada, com o propósito de orientá-la quanto a natureza intelectual, emocional e comportamental.

     Os pais e familiares do portador da síndrome necessitam de informações sobre a natureza e extensão da excepcionalidade; quanto aos recursos e serviços existentes para a assistência, tratamento e educação, e quanto ao futuro que se reserva ao portador de necessidades especiais.

     No entanto, a informação puramente intelectual, é notoriamente insuficiente, pois o sentimento das pessoas tem mais peso que os seus intelectos. Portanto, auxiliar os familiares requer prestar informações adequadas que permitam aliviar a ansiedade e diminuir as dúvidas.

     Assim os conselheiros devem se preocupar com os temores e ansiedades, sentimentos de culpa e vergonha, dos familiares e deficientes. Devem reduzir a vulnerabilidade emocional e as tensões sofridas, aumentando a capacidade de tolerância.

     O objetivo geral é ajudar pessoas a lidar mais adequadamente com os problemas decorrentes das deficiências e no aconselhamento alguns pontos são importantes: ouvir as dúvidas e questionamentos, usar termos mais fáceis e que facilitem a compreensão, promover maior aceitação do problema, aconselhar a família inteira, trabalhar os sentimentos e atitudes, e facilitar a interação social do portador de necessidades especiais.

     A superproteção dos pais em relação a criança pode influenciar de forma negativa no processo de desenvolvimento da criança e normalmente estes concentram suas atenções na deficiência da criança de modo que os fracassos recebem mais atenção que os sucessos e a criança fica limitada nas possibilidades que promovem a independência e a interação social.

 

 

 

 

 

 

Conclusão

 

     A pesquisa nos levou a conclusão de que a família é primordial para aquisição da linguagem oral, principalmente nos primeiros anos de vida. Quando a criança encontra-se em período de maturação orgânica e seu sistema nervoso está sendo moldado pelas experiências e estímulos recebidos e internalizados. A estimulação do portador de deficiências especiais na fase inicial da vida é extremamente importante para o desenvolvimento normal da criança, e minimiza as ocorrências de déficits de linguagem na primeira infância, que poderão trazer sérias conseqüências futuras. Pois no período da primeira infância, o cérebro humano é altamente flexível.

     A educação especial é determinante no processo de estimulação inicial e cabe ao professor de turmas especiais trabalhar suas crianças desenvolvendo nestas capacidades de praticarem atividades diárias, participar das atividades familiares, desenvolver seu direito de cidadania e até mesmo desenvolver uma atividade profissional. Para isso profissionais especializados e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de facilitar e possibilitar um maior rendimento e desenvolvimento educacional dos portadores da síndrome.

     Enfim, a grande importância da estimulação se dá pela grande necessidade da criança de vivenciar experiências permitiram seu desenvolvimento, respeitando suas deficiências e explorando suas habilidades. Esse estudo permite aos familiares, aumentar suas possibilidades de observação e intervenção, objetivando aprimorar a aprendizagem de seus filhos, que são crianças especiais, que tem dificuldades como qualquer outra pessoa e são também crianças capazes de vencer suas dificuldades e se desenvolverem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia

 

 

AMABIS e MARTHO, José Mariano, Amabis - Fundamentos da biologia moderna. São Paulo, SP, Moderna.  1990.

 

GUYTON, Arthur - Neurociência básica: anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro, RJ, Guanabara Koogan. 1993.

 

JANNUZZI, G. - A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. São Paulo, SP, Cortez. 1985.

 

PEREIRA e MACHADO, Olívia, Therezinha - Educação Especial: atuais desafios. São Paulo, SP, Interamericana. 1980.

 

SCHWARTZAN, J. - Síndrome de Down. São Paulo, SP, Mackenzie. 1999.